sexta-feira, 24 de julho de 2009

Fafá continua trabalho de desconstrução das realizações de Rosalba à frente da prefeitura

Bruno BarretoEditor de Política
Uma das principais marcas da administração da ex-prefeita de Mossoró Rosalba Ciarlini (DEM) foi a instituição de um calendário de eventos para a cidade.
É de autoria do governo da atual senadora eventos como o Mossoró Cidade Junina e o Auto da Liberdade. Também houve o fortalecimento de eventos como Expofruit e a Feira Industrial e Comercial da Região Oeste (Ficro). Com isso, Mossoró passou a imagem para o restante do Rio Grande do Norte de uma cidade que "respira cultura" e tem uma economia em franca expansão.
Com esse discurso a ex-prefeita de Mossoró deixou a condição de política desconhecida em relação ao resto do Rio Grande do Norte e desbancou o favorito senador Fernando Bezerra (que disputou o pleito pelo PTB).
Nas eleições de 2004 e 2008, Rosalba foi às ruas de Mossoró pedir votos, com o argumento de que Fafá seria a continuidade de seu governo. Que os eventos se fortaleceriam e que se a oposição vencesse poria fim a tudo que ela fez em três mandatos à frente do Palácio da Resistência.
Os eleitores seguiram a "orientação" da "Rosa" e deram dois mandatos a Fafá Rosado, que aos poucos está enfraquecendo os eventos realizados pela antecessora.
Primeiro foi o Mossoró Cidade Junina, que nos tempos de Rosalba tinha quase 30 dias de festa e tinha diversificações artísticas. Presença de atrações como Chiclete com Banana, duplas sertanejas e nomes da MPB, como Elba Ramalho, eram constantes.
Nos últimos quatro anos, o número de dias do evento reduziu pela metade, e as atrações tidas como de "qualidade" ou de "renome nacional" rarearam.
O Auto da Liberdade começou a definhar em 2007, quando as atrações de agrado do grande público começaram a desaparecer. Em 2008, não houve bandas. E em 2009 não haverá o espetáculo teatral nem a contratações de artistas. O mesmo se repete com relação à parte cultural da Festa do Bode. A Ficro e os eventos religiosos tiveram o apoio reduzido. "Isso não significa que os eventos vão acabar. Foi uma medida de emergência", garantiu o chefe de gabinete Gustavo Rosado em entrevista coletiva, na última quarta-feira. A prefeita tratou os eventos como supérfluos na mesma ocasião.
No poder desde 2005, Fafá sabe que seu grupo precisa conquistar espaços para continuar existindo. Para isso, aos poucos e mais incisivamente na transição do primeiro para o segundo governo, nomes que atuaram no governo de Rosalba foram demitidos. Gente mais próxima à prefeita começou a ocupar as vagas. Dos tempos da "Rosa" restou a secretária de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente, Kátia Pinto, e o secretário de Defesa Social, Álber Nóbrega, que ocupou diversos cargos nas últimas administrações.
Do ponto de vista dos cargos eletivos, a primeira pessoa ligada a Rosalba a perder espaço foi justamente sua irmã Ruth Ciarlini, que teve sua reeleição para a Assembleia Legislativa prejudicada pela candidatura do marido de Fafá, o deputado estadual Leonardo Nogueira (DEM). Ruth acabou indicada para a vaga de vice, quando Fafá disputou a reeleição imposta pelo grupo da senadora. Já Betinho Rosado (DEM), cunhado de Rosalba, não conseguiu se reeleger deputado federal e hoje ele só está no cargo por conta da morte de Nélio Dias (PP) há dois anos. Os mais próximos a Betinho não escondem a mágoa que possuem por conta desse episódio.
O espaço dele está para ser ocupado pelo irmão de Fafá, Gustavo Rosado. Ele está para escolher entre o PV e o PMDB, para disputar a eleição do próximo ano. Com isso, o projeto de Betinho se enfraquece. A chefe do Executivo municipal já deu o sinal verde ao irmão em uma recente entrevista à 95 FM.
Todas as decisões passam, inevitavelmente, pelo projeto político do grupo que ocupa o Palácio da Resistência.

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