Receita turbulenta

A ex-secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, divulgou ontem à noite nota em que classifica as demissões e exonerações de integrantes de sua antiga equipe como "perigoso recuo no processo de fortalecimento das instituições de estado no Brasil". Na nota, Lina afirma que instituições como a Receita Federal somente poderão exercer seu papel constitucional se contarem com servidores que primem pela ética e estejam "imunes a influências políticas de partidos ou de governos".
Na segunda-feira passada, o Diário Oficial da União publicou a exoneração de Alberto Amadei e de Iraneth Maria Dias Weiler de funções de confiança na Receita Federal do Brasil. O primeiro era assessor especial de Lina Vieira, e Iraneth Maria Dias Weiler exercia a função de chefe de gabinete da ex-secretária. As exonerações provocaram o pedido de demissão de vários servidores ligados a Lina, centro de uma polêmica que envolve a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "As duas demissões e os 12 pedidos de exonerações dos servidores que integraram a minha equipe, durante o período em que estive à frente da Receita Federal do Brasil, representam um perigoso recuo no processo de fortalecimento das Instituições de Estado do Brasil", diz a ex-secretária da Receita na nota. "As Instituições de Estado - como é caso da Receita Federal - somente poderão exercer o seu papel constitucional, se compostas por servidores que primem pela ética no serviço público, imunes a influências políticas de partidos ou de governos. Os governos passam, o Estado fica e, com ele, os servidores públicos". E conclui dizendo que "Esses colegas são pessoas sérias, de competência inquestionável, cujo único pecado foi o compromisso com um projeto de uma Receita Federal independente e focada nos grandes contribuintes".